segunda-feira, 28 de abril de 2008

Luiz Pilla Vares

Um novo triunfo da esquerda

Recentemente Luis Bresser Pereira escreveu, na Folha de S.Paulo, um brilhante atestado de óbito do neoliberalismo. A América Latina já vinha revelando a inconformidade das massas, como demonstram as vitórias da esquerda no Brasil, na Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai, Equador e Venezuela, que formaram um bloco alternativo às políticas neoliberais do Império. Agora, temos o triunfo do ex-bispo Fernando Lugo, no Paraguai. E este, talvez, fosse o país mais difícil de dar um giro à esquerda. Afinal, foram 60 anos de dominação do Partido Colorado, com disseminação da corrupção em todos os níveis, com o crescimento de máfias e tolerância com o contrabando. O Partido Colorado praticamente se fundiu com o Estado, a tal ponto que a imensa maioria do funcionalismo público pertence ao partido que por seis décadas exerceu o poder. Nesse sentido, o triunfo de Fernando Lugo é expressivo, talvez a maior vitória da esquerda latino-americana nas últimas décadas.

Entretanto, sua tarefa no poder será gigantesca. Em primeríssimo lugar, desmontar décadas e décadas de corrupção e desmandos a partir do próprio Estado, devolver dignidade a este país, o segundo mais pobre da América do Sul e que já foi, antes da guerra contra a Tríplice Aliança, um dos mais desenvolvidos do continente, e hoje um dos mais explorados, um verdadeiro quintal para negócios escusos, éden do contrabando e das muambas. A vitória de Lugo, que surgiu para a política pela Teologia da Libertação, tem, pois, um significado imenso, revelando o descontentamento popular que estava submerso e que, afinal, encontrou um caminho para se expressar. Foi uma verdadeira revolução no voto que trouxe novas esperanças para o cansado povo guarani.

Assim, a solidariedade da esquerda latino-americana torna-se imprescindível, a começar pelo Governo brasileiro liderado pelo Presidente Lula. Com efeito, o Brasil tem sido historicamente cúmplice dos sucessivos governos corruptos do Partido Colorado e era normal e previsível que um giro à esquerda revelasse conflitos que estavam contidos na política hegemônica que o Brasil exercia em relação ao Paraguai, a começar pelo Tratado de Itaipu. O Brasil liderado pelo Presidente Lula não pode adotar uma atitude intransigente na discussão que se abre sobre Itaipu, especialmente porque as primeiras declarações de Fernando Lugo não são de confronto, mas de propostas de diálogo, justas, já que o que se coloca é a soberania paraguaia. Não se trata de anular o Tratado de Itaipu, mas, sim, de revisar alguns de seus aspectos no interesse do novo Paraguai que surgiu das urnas na semana passada. O Brasil não pode carregar o ônus de ser caracterizado pelo povo guarani de "país imperialista", principalmente porque o nosso atual governo não deve assumir as políticas anteriores de supremacia e arrogância diante de um país pobre e asfixiado política e economicamente.

Devemos, enfim, saudar mais esta vitória da esquerda na América do Sul. Devemos celebrar mais este golpe no neolioberalismo imposto pelos Estados Unidos, cada vez mais isolado em nosso continente que busca novas políticas e novas alternativas, afirmando uma soberania que esteve perdida por várias décadas. Hoje, praticamente o único governo que defende as políticas patrocinas por Bush é o de Uribe, na Colômbia, isolado diantes das promissoras alternativas que se abrem no Continente.

Por Luiz Pilla Vares.

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